Jornal Record 9 junho 2023

O universo desportivo nacional foi surpreendido, esta semana, pela intenção manifestada pela FPF de externalizar a gestão da arbitragem nas provas profissionais.

Não podemos, desde logo, deixar de estranhar o anúncio público de tal intenção sem prévia consulta e / ou auscultação aos sócios federativos, cujos contornos e alcance, à presente data, se desconhece, motivo pelo qual, nos reservaremos para opinião mais audita em momento oportuno.

Não obstante, desconhecendo-se o móbil daquele desígnio federativo, à primeira vista, parece resultar do comunicado da FPF que a mesma pretende querer retalhar as atribuições e competências que lhe outorgam o estatuto de utilidade pública e que lhe são conferidas pelo Regime Jurídico das Federações Desportivas, atribuindo-as a entidades externas à própria federação.

Atalho de foice, considerando que, estatutariamente, compete ao Conselho de Arbitragem (CA) da FPF, entre outras matérias, definir as orientações em matéria de arbitragem e coordenar, planear e administrar a respetiva atividade, aguardamos expectantes pela concretização de tal intenção, na convicção, porém, que não deverá ser uma entidade externa (privada?) a uma entidade com o estatuto de utilidade pública, como a FPF, quem lhe deva prosseguir os fins, por melhores que sejam as intenções subjacentes a tal desígnio. Esta Federação habituou-nos a agregar – Cidade do futebol, Casa das Seleções, Hotel, Canal 11, Pavilhão do Futsal, Campo para Futebol de praia, etc.
Com o devido respeito, depois da externalização da arbitragem, pretenderá a FPF externalizar, de igual modo, a disciplina e a justiça, retalhando, assim, a competência orgânica do edifício federativo (ou parte dele) por “entidades externas” à própria?

Resta-nos aguardar, então, pelas conclusões do grupo de trabalho organizado pela FPF e constituído pelo CA, pela Liga Portugal e pela APAF.

Por fim, e a título de curiosidade, seria pertinente saber a opinião dos portugueses que assistiram, via TV, à final da Liga UEFA e do treinador português, sobre a tão afamada arbitragem “à inglesa”…