Jornal Record 8 setembro 2023
Está em risco a democracia, futebolisticamente falando, como a conhecemos, porque o sistema democrático, alicerçado e confiante em determinados princípios e valores, que se criaram inabaláveis e inatacáveis, deixaram-se impregnar por ácaros que dele se servem, criando o pandemónio no seu seio. Não é por acaso que muitos já predizem a existência da mais terrível das crises – a financeira –, sem controlo, porque sem rosto; incontornável, porque dissipada por todos os clubes.
Saibamos substituir a tentação do absurdo pela racionalidade do lento progresso, a criação de factos artificiais pelo debate dos nossos reais problemas e soluções. A violência verbal e a demonstração do nosso protesto público pelo apaziguamento negocial e pela concertação, sendo que esta forma é indiscutivelmente o modelo que mais faz avançar as organizações e mais satisfaz a todos os intervenientes. O modelo que vingar, que deveria estar na génese dos verdadeiros homens do futebol, deveria ser um modelo de modernidade e de futuro. Mas não é!
As instituições, nomeadamente os clubes, cujo protagonismo imprescindível terá de se ajustar aos novos desafios da modernização, antecipação, rejuvenescimento, uma maior presença da competência, proximidade, discurso percetível e ágil e apelo a maior participação moral e social.
É evidente que os problemas do futebol, hoje, são diferentes e, por isso, temos de arranjar soluções diferentes. A questão que se coloca é: Mas que soluções? Rigor, competência, trabalho, mas acima de tudo uma eterna paixão, que nos levem a aumentar, desenvolver, elevar e transcender a forma originária, acrescentando-lhe formas novas e sempre mais perfeitas.
Não ignoramos as dificuldades com que cruzaremos para superar os múltiplos problemas que por certo nos surgirão, mas confiamos plenamente que a inteligência, a abnegação e o bom senso de todos, todos, todos, permitirão ultrapassar os obstáculos com que depararemos ao longo desta difícil, mas atraente missão.