Jornal Record 21 Janeiro 2022
Não é verdadeira a afirmação que a formação para comentadores da política ou do futebol, ou de outras áreas deva ser sempre resultante da permanência durante alguns anos em corredores de escolas ou em carteiras de madeira dura.
Reconhecemos que esse esforço e dedicação ao estudo faz jus (ou pode fazer!!!) a um meritório estatuto.
Mas, também, será justo reconhecer que a constante e permanente vivência pessoal e profissional possibilita experiência, competência e cultura que merecem crédito e algum respeito.
A partilha de ideias, relato de experiências, confronto de conceções são uma oportunidade singular de aprendizagem e reflexão referenciada das nossas próprias ideias e práticas no âmbito do nosso quotidiano.
As dúvidas e as divergências não se esgotarão facilmente, mas é importante compreender que:
Quem deve ser comentador, na circunstância de política e de futebol é simplesmente “quem sabe”, isto é, quem domina os conhecimentos e as técnicas de intervenção em áreas tão complexas e diferentes.
Vem isto a propósito do “massacre” que vamos assistindo na comunicação social relativamente ao período eleitoral, nomeadamente nas televisões, bem como em alguns canais televisivos relativamente ao futebol.
O saber não é privilégio da universidade e de quem a ela teve acesso (ou pode ter), nem de quem por lá passou. Mas o Saber nunca o será verdadeiramente se a sua origem não for a reflexão e o confronto entre o que é, na teoria e pratica, e o que se pensa que deveria ser, entre o que se faz e o que se admite que se deveria fazer, sem nunca ser uma obstinação, uma verdadeira obsessão mesmo, de convencer os outros a pensar da mesma forma.
Não compreendemos que, sendo a política e o futebol, coisas tão simples de compreender, existam tantos “especialistas” a tentar explicar estes fenómenos.
Isto é, por analogia, como a diferença entre o médico saber a dor que eu tenho e não sentir a dor que eu sinto
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