Jornal Record 24 junho 2022
Finalizados os campeonatos nacionais de futebol, concentremo-nos, agora, na composição das equipas técnicas, na transferência de jogadores e nos locais de estágio, para melhor apetrechamento e preparação das equipas, por forma a corresponderem aos anseios e expetativas dos calorosos adeptos.
O mercado, tal como o conhecemos atualmente, obriga, numa circunstância normal, à consensualização entre os clubes, obriga à celebração de acordos. Um acordo contratualizado não significa a “vitória” da nossa posição face à posição do outro. Não! É o resultado do encontro de vontades manifestadas e expressas, com cedências mútuas! É a “vitória” daquilo a que chegamos, aproximando-nos da posição do outro.
Há quem olhe para a “cedência” e para o “entendimento” como uma fragilidade, uma derrota. Alcançar um acordo é uma arte, uma vitória, principalmente, numa sociedade desportiva cada vez mais complexa e vigorante. Não conheço melhor instrumento para lidar com os desafios do que o diálogo e a concertação.
Começam agora a desenhar-se os primeiros acordos entre clubes, para a transferência, cedência ou troca (algumas duvidosas) de jogadores. Todavia, o grande foco centra-se nas grandes aquisições por clubes estrangeiros (melhor dotados e preparados economicamente para o efeito), aos nossos clubes.
São significativas as verbas distribuídas pela UEFA a que apenas têm acesso os melhores classificados dos respetivos campeonatos nacionais por essa Europa fora. Em Portugal, é limitadíssimo o número de clubes a que acedem a esse privilegiado desiderato, tornando os restantes “menos capazes” do ponto de vista financeiro.
Por outro lado, e apesar do vindo de referir, os clubes nacionais têm – ou costumam ter – mão de obra “qualificada”, que desperta o interesse dos grandes clubes europeus.
Daqui resulta uma intransigente tomada de opções: ou cedemos os jogadores mais dotados para equilibrar as finanças, ou não abdicamos dos mesmos e limitamo-nos a competir, procurando fazer o melhor possível do ponto de vista financeiro. A verdade é que transferindo os nossos melhores jogadores e treinadores, não valorizamos o nosso futebol, nem podemos a aspirar a grandes momentos e feitos!