Jornal Record 25 novembro 2022
Começou o Campeonato do Mundo de 2022. Escrevo estas poucas linhas, antes do jogo de Portugal.
Desta feita, coube ao Catar a organização do maior certame futebolístico do mundo, de acordo com a decisão da FIFA, de dezembro de 2010.
Muito se tem dito e escrito, nos tempos mais recentes, sobre este mundial.
Além da incontornável novidade que a realização deste mundial, entre os meses de novembro e dezembro, aporta e que obriga à paragem das principais ligas profissionais do mundo (com as consequências desportivas que daí advêm), têm sido imputadas várias suspeitas de corrupção – nomeadamente por compra de votos a várias federações – em torno daquela decisão da FIFA.
Não fora, per si, suficientemente grave o vindo de descrever, há ainda a questão relacionada com exploração laboral (particularmente associada à construção de estádios e infraestruturas essenciais à realização do Campeonato) e a intolerância relativamente aos direitos humanos.
Do ponto de vista humano e social, como é evidente, tudo o vindo de descrever merece a nossa veemente reprovação.
Todavia, a questão que se coloca é a de saber como foi possível chegarmos a este ponto, considerando que, a decisão de atribuição da organização do mundial ao Catar, data de dezembro de 2010, e, até onde julgo saber, àquela data, já as situações antes descritas eram uma realidade naquela península do Golfo Pérsico, sendo que tudo se passou, afinal, como se nada de grave se passasse…
A igualdade na riqueza deve consistir em que nenhum cidadão seja tão opulento que possa comprar outro nem nenhum tão pobre que se veja obrigado a vender-se.
Do ponto de visto desportivo, sem ignorar o atrás referenciado, façamos todos para que este mundial seja bem disputado, abertos a algumas surpresas à mistura. Que este seja o campeonato de Portugal!