Jornal Record 23 junho 2023
Os últimos dias trouxeram-nos à memória algumas realidades para as quais não estávamos devidamente preparados, embora, em alguns casos, devidamente avisados, nomeadamente no que concerne a ditas “academias desportivas” e / ou afins, espalhadas pelo país. Ninguém pode ignorar este tipo de situações! De acordo com o meu homologo do Sindicato dos Jogadores, a situação denunciada nos últimos dias não será um caso isolado, já que realidades idênticas teriam sido relatadas às diversas entidades desportivas e governamentais. Enfatizamos, de igual modo, o silêncio ensurdecedor de todos aqueles (sejam jogadores, treinadores ou outros) que colaboram com aquele tipo de práticas e que se prestam a tão abominável situação!
Não podemos, nem devemos, ignorar os assobios de alguns adeptos a jogadores das nossas seleções nacionais, durantes os jogos destas. Alguns dirão que a culpa é da crise económico-social que o país atravessa. Sem desconsiderar essa realidade sociológica, não podemos, de modo algum, ignorar o clima e o ambiente quase irrespirável que alguns intervenientes desportivos, com elevadas responsabilidades desportivas e sociais no panorama clubístico nacional, aportam, não ao futebol nacional, com inevitáveis reflexos no comportamento (imprevisível) de alguns (poucos, espera-se) adeptos. Se não há respeito pelo adversário, o que se lamenta, haja, pelo menos, respeito pelas nossas seleções nacionais.
Os antigos sabiam que os Homens necessitavam de violência para se sentirem glorificados. Para suprirem essa necessidade sem os custos trágicos da guerra, inventaram os jogos e tornaram a paz gloriosa. Saibamos aproveitar esses ensinamentos!
O Selecionador Islandês, Sr. Age Hareide, referenciou à comunicação social, no final do jogo com a seleção nacional, que os jogadores portugueses reclamavam muito com o árbitro! É claro que não foi esse o motivo da derrota da sua equipa, embora reconheçamos que não somos, de facto, nenhum exemplo! Ainda assim, cumpre-nos salientar que a equipa portuguesa que se apresentou para o referido jogo, apenas tinha dois jogadores que disputam o nosso principal campeonato, sendo que um deles era guarda-redes e, por consequência, não tinha oportunidade para se meter em muitas confusões. Serão vícios de outras latitudes, mas também são nossos e que temos de erradicar.
O possível é o futuro do impossível.