Jornal Record 17 novembro 2023

A democracia vive um dos seus momentos mais complexos. A crise económica e social é real e atinge cada vez mais famílias e cidadãos. Esta realidade é antagonicamente acompanhada pelos lucros recorde dos bancos e pelo aumento do número de casos de corrupção e fraude tornados públicos. Erguem-se cada vez mais vozes contra estas realidades, na busca de uma nova realidade regenerada e saudável.

Tal como o terramoto político recente carece de devida explicação à Nação, também as estratégias de alterações regulamentares que se pretendem levar a cabo no futebol carecem dos devidos esclarecimentos! É óbvio que temos de prosseguir na busca da perfeição que, sendo inatingível, não dispensa ninguém do esforço do aperfeiçoamento. As lideranças terão de se adaptar a estes novos tempos, mais exigentes e esclarecidos, onde a coexistência de opiniões divergentes, não significa, necessariamente, desunião nem conflito!

Os antigos sabiam que o Homem necessitava de violência para se sentir glorificado. Criaram, então, os jogos olímpicos, tornando a paz gloriosa através de uma competição sadia e vibrante. Esta deveria ser, talqualmente, a opção dos decisores políticos e desportivos, para encontrarmos a serenidade e o respeito por quem ama o seu país e adora o futebol.

Neste seguimento, é inegável a contribuição do Futebol, considerado como um todo (Clubes, Treinadores, Jogadores e Árbitros), na projeção do País no exterior. Diríamos até que não deveria existir qualquer dúvida quanto ao peso assumido pelo Futebol nesta matéria quando comparado com outras indústrias nacionais.

Na Comissão de Diálogo Social, composta pela ANTF, APAF, LPFP, e SJPF, a propósito do OE 2024, por forma a contribuir para uma verdadeira justiça social e tributária para os treinadores, entre outras matérias, fizemos sentir a urgente necessidade de se adaptar o regime de acesso ao subsídio de desemprego à específica realidade jurídico-laboral dos treinadores, bem como de se criar um regime específico de tributação dos rendimentos dos mesmos, principalmente daqueles que, estando no estrangeiro, pretendam regressar. Até os que a cometem detestam a injustiça.