Jornal Record 8 novembro 2024
Numa vida feita de momentos, emoções, alegrias e tristezas, de equilíbrios e desequilíbrios, o Treinador é o personagem mais solitário da estrutura de um clube quando tem de gerir conflitos e, no entanto, está obrigado à generosidade, quando se trata de administrar os êxitos.
É-se, assim, levado a pensar que há um modo de ser bom para o qual nos devemos posicionar se procurarmos a virtude de sermos educados, ou seja, há um dever que se nos impõe, face ao qual, pouco temos a dizer, senão sê-lo de facto.
Entendemos que o Treinador é um agente desportivo fundamental no fenómeno desportivo, tal como o conhecemos, quer pelas implicações das suas ações na direção do processo formativo e / ou desportivo, quer pelas repercussões que as mesmas refletem na sociedade, pelo que, se impõe enfatizar que os deveres dos treinadores não se esgotam no cumprimento estrito e rigoroso dos seus deveres jurídico-laborais para com a sua entidade patronal, mas talqualmente da enorme panóplia de deveres e obrigações que o Estado lhe impõe, face os interesses público-constitucionais em jogo no exercício da sua atividade (profissional ou não)
Efetivamente, o Treinador é, cada vez mais, um modelo de referência desportivo-social e o “braço” de preceitos Constitucionais, como o do acesso ao ensino, à saúde pública, ao desporto, etc.
Estas caraterísticas dos Treinadores portugueses, associadas à sua competência inata, têm emprestado um enorme e inegável contributo ao desenvolvimento e à credibilização do futebol nacional, bem como têm contribuído para a sua crescente notoriedade e reconhecimento a nível internacional.
Temos a perfeita noção que a precariedade provoca instabilidade nos treinadores, agravando significativamente a sua vida. Contudo, tal não nos dispensa do rigor, da competência e da paixão, que nos levam a ser mais perfeitos.
Os jogadores distinguem-se pelo que fazem; os Treinadores, pelo que levam os jogadores (e não só) a fazer.