Jornal Record 14 março 2025

Soubemos substituir a tentação do absurdo, pela racionalidade do lento progresso; a criação de factos artificiais, pelo debate dos nossos reais problemas e soluções; a violência verbal e a demonstração do nosso protesto público, pelo apaziguamento negocial e pela concertação, sendo que esta forma é indiscutivelmente o modelo que mais faz avançar as organizações. A maior recompensa para o trabalho do Treinador não é o que ele ganha com isso, mas o que ele se torna com isso.

Esta semana ficará negativamente marcada, não só pela queda de mais um Governo Constitucional da República, mas igualmente pela violência a que assistimos em Barcelona e em Guimarães, patrocinada pelos “ultras” de claques!

Tais atos de violência gratuita, associados a outros tantos, como as manifestações de racismos e de xenofobia, em nada dignificam o futebol português.

Episódios e contextos violentos como aqueles a que temos vindo a assistir mais do que seria suportável, patrocinados por “ultras”, mais não são do que manifestações de puro “hooliganismo” e como tal, os “hoolingans” que as patrocinam deverão ser objeto de medidas punitivas e restritivas “ultra” exemplares, para não vá dar-se, por um destes dias, uma tragédia, como a que ocorreu no Estádio do Heysel, em 1985, da qual resultaram 38 mortos e feridos, e na proibição das equipas britânicas de participar em competições europeias por cinco anos.

É hora de refletir, de forma séria e serena, sobre o que pretendemos para o nosso futebol: um futebol com estádios repletos de adeptos, onde o “fair-play” seja nota dominante, onde haja espaço para as crianças e famílias, ou, inversamente, um futebol com estádios vazios, mas ainda assim violento, dada a presença dos “ultras” dispensáveis!