Jornal Record 04 abril 2025
O futebol nacional e a política (quer a nacional, quer a internacional) atravessam momentos complexos, atribulados e de consequências imprevisíveis. Se por um lado, o momento político atual pode conduzir a uma recessão económica mundial, acompanhada, a nível interno, por crises, quer económica, sendo as famílias e os concidadãos os mais afetados, por outro lado, vai sendo cada vez mais evidente a intolerância, no mundo, para tantas fraudes e frustrações políticas. Escasseiam exemplos, modelos e, porventura, até novas utopias, no sentido regenerador do sistema democrático. E aquela complexidade e esta angústia expressa-se por sinais. Perde-se o sentido da dignidade humana. Não se respeita(m) o(s) outro(s), não se interioriza o reconhecimento e não pratica o agradecimento.
Com efeito, várias têm sido as dispensáveis manifestações de intolerância e desrespeito pelo próximo que temos presenciado, dentro e fora de campo, perpetradas de forma irrefletida (ou não) e inusitada, por todos os agentes desportivos, sem exceção.
É evidente que os problemas do futebol, hoje, são diferentes e, por isso, temos de arranjar soluções diferentes. Quais? Rigor, competência, trabalho, mas acima de tudo, uma eterna PAIXÃO, que nos levem a aumentar, desenvolver, elevar e transcender a forma originária, acrescentando-lhe formas novas e sempre mais perfeitas.
Os gregos antigos sabiam que os Homens necessitavam de violência para se sentirem glorificados. Para suprirem essa necessidade sem os custos trágicos da guerra inventaram os jogos e tornaram a paz gloriosa, através do prazer lúdico da violência controlada. Este é o dilema que se coloca aos decisores políticos e desportivos.
Ao contrário de alguma gente mirrada de ideias e princípios, por falta de consciência e vocacionada para a quezília permanente, é nossa opinião que ainda vamos a tempo de colocar o futebol no lugar que ele tanto merece. Saibamos respeitar-nos a nós próprios. O passado ninguém apaga. Mas também não se pode fechar os olhos ao presente.