Jornal Record 13 novembro 2025

Nesta longa ligação ao futebol feminino é impossível não reconhecer o quanto crescemos. A presença das nossas seleções nas grandes competições, os estádios a vibrar com o desenrolar das jogadas, o entusiasmo das jovens atletas para iniciar a prática deste jogo, revelam que o caminho trilhado valeu a pena. Hoje, o futebol jogado por raparigas e mulheres é parte viva e incontornável do universo desta modalidade, fazendo parte do mesmo jogo, onde a paixão, a exigência e a beleza são os ingredientes de um grande espetáculo desportivo.

A evolução é visível, temos mais praticantes, mais clubes com equipas femininas, mais visibilidade mediática e muito público nos estádios em grandes competições. É notória uma mudança cultural que ultrapassa as quatro linhas, sentindo-se que existe uma queda gradual de estigmas sociais, que viam o futebol como um jogo meramente masculino, dando-se passos importantes rumo à igualdade de oportunidades no desporto.

No entanto, ao mesmo tempo que celebramos o progresso, precisamos de olhar em frente com sentido crítico. Há ainda um longo caminho a percorrer para que se esbatam as desigualdades nas condições de treino, nos recursos disponíveis e no reconhecimento profissional. Falta garantir que o talento e o mérito sejam valorizados da mesma forma, independentemente de quem calça as chuteiras.

Na ANTF, acreditamos que o desenvolvimento passa também por investir na formação de treinadores e treinadoras, promovendo a qualificação técnica e assegurando que cada clube olhe para o futebol, jogado por raparigas e mulheres, não como uma obrigação, mas como uma oportunidade. Porque o futuro do futebol (todo o futebol) será mais forte quanto mais inclusivo for.

O que já conquistámos é motivo de orgulho, mas não de complacência. Cabe, a quem vive este jogo por dentro, continuar a lutar pelo progresso, dando voz às jogadoras, a apostar na formação e a garantir que o futebol feminino continue a crescer dentro do futebol português, com identidade, respeito e ambição.