Como melhorar as suas competências técnicas

 

Treinar futebol traz consigo uma boa dose de desafios, especialmente em dias de jogo.


Algumas características o treinador de futebol pode e deve desenvolver para melhorar a assertividade da sua liderança.


1. Planear, tendo em conta, por exemplo, o conhecimento da cultura, do ambiente e da história do clube; elaborar a periodização em todas as suas vertentes (táticas, técnicas, psicológicas e físicas) e temporais (macrociclo, microciclo, sessão de treino) em função do calendário competitivo, de forma agilizar a sua ação e a precaver eventuais percalços ao longo época.


2. Construir a visão, os valores do clube/equipa - o treinador é responsável por criar e desenvolver a visão de como a equipa jogará (modelo de jogo) e os seus princípios, mas é de extrema importância que os treinadores sejam capazes de vender a sua visão, articulando expetativas para a temporada e a motivação dos jogadores a se comprometerem com a essa ideia de jogo, e isto só é possível se o treinador envolver os seus jogadores e porque não o restante staff.


3. Definir de expectativas/objetivos de desempenho pessoais e dos atletas/equipa, impulsionar o desempenho dos jogadores, através de reuniões de equipa, encontros individuais com os jogadores para criar consciência de função e delinear claramente as responsabilidades dos jogadores dentro da equipa, bem como a contribuição coletiva dos jogadores para as metas de desempenho da temporada, criando uma propriedade compartilhada e compromisso com os objetivos da equipa (ligar ambição individual à coletiva); uso de certos jogadores para exemplificar os valores a manter na equipa, através de jogadores bem-sucedidos que já estiveram no clube, motivando os jogadores atuais a almejar conquistas semelhantes; utilizando estabelecimento de objetivos individuais e coletivos (SMART, reconhecimento público, trabalho de valores, etc.)

4. Estabelecer as expectativas comportamentais, os rituais, os códigos de ação, no balneário, nas deslocações, nos estágios, na competição, etc., de preferência cocriados, que fomentem a  união, o respeito, a disciplina e o trabalho em equipa; estabelecer padrões de estilo de vida para os jogadores, promovendo uma abordagem profissional em relação à nutrição, ao descanso e à condição física, ou seja, realçando a importância de os jogadores se tornarem responsáveis pelo seu comportamento, especialmente, fora de campo que é a parte que menos o treinador controla; uso de jogadores mais experientes como modelos a serem seguidos para influenciar o grupo de jogadores mais jovens  ao nível do caráter, da atitude, etc. enfim, como refere Gomes (2011), criar cartilhas com algumas “regras”, evidenciando aos atletas quais são as consequências diante de alguns acontecimentos que podem vir a ocorrer nos distintos ambientes ao longo da época, expondo os benefícios, perigos, méritos, prémios, punições, tudo de maneira clara e objetiva, de preferência planeados em equipa, fazendo com que os atletas participem de tais decisões, facilitando a concordância com as situações ali colocadas (regulamento de conduta). Contudo, para além desse momento de planeamento em conjunto, o treinador de futebol deve deixar claro quais são as regras que ele “impõe” ou vê como essenciais para aquela equipa, não abrindo mão do seu papel de líder.


5. Conhecer, reforçar e dominar os diferentes estilos de liderança, sem perder a sua identidade pessoal e a sua coerência, pois ao longo da época vai precisar deles, para reforçar este saber fazer deve procurar atualizar sempre as suas competências de liderança.


6. Desenvolver a inteligência emocional, o treinador deve desenvolver um autoconhecimento que lhe permita saber como vai reagir aos mais diversos estímulos que este contexto lhe vai apresentar, segundo Neto (2024), Almeida (2004) e Carvalho (2018) a característica mais decisiva na alta competição é a capacidade que o treinador tem de se controlar emocionalmente e permanecer focado naquilo que consegue controlar e ser capaz de ler climas, gerir a ansiedade coletiva, para desenvolver esta competência por exemplo, pode utilizar Coaching/Mentoring, Mindfulness, equilíbrio família-trabalho, hobbies, etc.


7. Desenvolver a capacidade de tomada de decisão sob pressão, ou seja, o treinador de elite deve ser capaz de ajustar a tomada de decisão às necessidades do momento tendo em conta a situação do confronto com o adversário e os recursos. Para isso, pode criar cenários de alta pressão onde terá de decidir de acordo com o contexto; pode trocar experiências com outros treinadores, pode ser suportado por  Coach/mentor, etc.

8. Desenvolver a comunicação eficaz, através de mensagens simples, claras, ajustadas ao nível dos jogadores e da equipa; por exemplo através do uso de imagens vídeo ou animações táticas curtas (características do adversário, pontos chaves da análise do último jogo, etc.); uso de códigos e linguagem comuns, ou seja, uso de um vocabulário curto e partilhado (“sobe linhas”, “bloco alto”, “gere o jogo”); uso de estratégias de Coaching (O que viste naquele lance?” Onde achas que devias estar quando fizemos o cruzamento?”; uso da escuta ativa; interagir com os jogadores de forma individual, a fim de os motivar e fornecer feedback personalizado, permitindo desta forma que os jogadores expressem a sua opinião sobre o seu papel e quaisquer questões dentro da equipa; uso de feedbacks individualizados (1-1), privados, curtos e positivos, por exemplo utilizando a técnica “Efeito Sandwich” – “Gostei do teu posicionamento na 1ª fase de construção, e repara como podias ter criado a linha de passe aqui, da próxima acredito que serás capaz de identificar esta linha de passe e outras que possam surgir”; uso de feedbacks coletivos, tais como: “A nossa linha defensiva perdeu compactação neste lance. Vejam a distância entre os centrais”; uso de arquétipos (uso de certos jogadores para exemplificar os valores a manter na equipa, através de jogadores bem-sucedidos que já estiveram no clube, motivando os jogadores atuais a almejar conquistas semelhantes; uso de jogadores mais experientes como modelos a serem seguidos para influenciar o grupo de jogadores mais jovens ao nível do caráter, da atitude, etc.); uso de técnicas de media training, etc.


9. Gerir conflitos: transformar tensão em crescimento. Os conflitos fazem parte do dia a dia das equipas, no entanto no futebol esta questão agudiza-se porque os jogadores de futebol em muitos dos casos têm um ego exacerbado, suportado por vezes por questões mediáticas, por essa razão nesta temática, o treinador tem um papel difícil, por isso acho que a sua principal tarefa deve ser antecipar e detetar eventuais sinais (comportamentos, expressões, micro sinais) antes que o problema escale. Caso não consiga, para evitar o conflito então deve por exemplo, demonstrar:
 Neutralidade e empatia – Ouvir as partes separadamente, validar emoções sem tomar partido; depois, facilitar diálogo conjunto com foco na solução.
 Reenquadramento positivo – Conflitos de estilo (“o extremo não ajuda a defender”) podem tornar-se oportunidades de complementaridade (“vamos ajustar funções para que ambos brilhem”);
 Reunião triangular - quando há tensão entre dois atletas, o Treinador deve utilizar regras de escuta alternada;
 Privacidade – conflitos no meu entender devem ser tratados fora dos olhos da imprensa e se possível fora do balneário. E quanto mais cedo forem abordados, melhor.
  “Time-out” emocional - “Fica tranquilo por agora. Vamos falar sobre isso amanhã com calma”;
 Narrativas partilhadas - Relembrar objetivos maiores que o conflito, por exemplo, “estamos aqui para lutar pelo campeonato e com estes comportamentos, é como dar tiros nos pés”

10. Saber delegar, delegar liderança nos seus adjuntos, nos capitães, como canais para reforçar as suas intenções/ideias. Em particular, como uma voz alternativa de autoridade dentro e fora do campo, com o objetivo de manter os padrões de conduta, de estabelecer relações próximas no dia-a-dia que pudessem proporcionar motivação e apoio aos jogadores).

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